quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de uma escola em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem conhecimentos "prontos", mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, repetindo, repetindo...



(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 9 de outubro de 2010

LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Conversando com um nordestino da Paraíba, hoje me deparei com uma pergunta: vc não acha, como professora de Português que é, que meu sotaque é uma deformação da língua?
Logicamente que não, acalmei-o. Isso é próprio de uma língua viva. As diferenças e semelhanças, os pronúncias divergentes, os falares do nosso Brasil, que mesmo sendo uma só nação, tem notória sua heterogeneidade linguística. Não se trata de falar "estranho", trata-se de sermos poliglotas no nossa própria língua. Sendo assim, não deve haver a supervalorização de um padrão em detrimento do outro. A finalidade primeira de língua é fazer-se entender. Não se faz aqui, apologia ao não uso da gramática, mas que não somente ela seja o conteúdo das aulas de Língua Portuguesa, deve-se levar em conta sua gramática internalizada, aquela falada no seio familiar, desde as primeiras palavras. Partir deste ponto para atitudes linguísticas mais complexas, do informal para o formal, do coloquial para a norma padrão. Assim, o aluno chegará na escola, ciente de que falam a mesma língua: a última flor do Lácio , inculta e bela (parafraseando Bilac).

Paz e Bem!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Ler um livro é estabelecer um diálogo animado pelo desejo de compreender. Nossa leitura deve ser governada por um princípio fundamental de respeito à voz que nos fala no livro. Não temos o direito de desprezar um livro só porque contradiz nossas convicções, como também não devemos elogiá-lo incondicionalmente se estiver de acordo com elas". 
Prof. Armando Zubizarreta.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


O jugo continua na querida e nostálgica 'Terra das Palmeiras'.




súbito
chuva
frio
indisposição
fome
sede
gulas
guloseimas
cadaço
coluna
negrume
incerteza
impotência
água pura
mãos limpas
consciência ímpia.

Djavan - Te devoro

Seja feliz e pronto ! Arnaldo Jabor...

A sociolinguística não tem casa.
Ela vive na estrada.

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Fernando Pessoa